KMD Copyright ®

Copyright ® KMD Sistema marcial evolutivo

Cuidar de nós

O modo como lidamos com os outros está directamente relacionado com o modo como lidamos com o nosso "Eu". Acreditar que, apontar, criticar e castigar os erros dos outros é o meio mais simples para não ter de aceitar os nossos próprios erros, que tanto camuflamos, é sem dúvida um desvio ao caminho. Ajudar a ultrapassar esses erros e principalmente a causa dos mesmos, isso sim, mas primeiro temos de nos certificar de que estamos capazes, ou seja, que devido à incapacidade de nos ajudarmos primeiramente, não vamos piorar a situação com meras opiniões, criticas e até palavras de encorajamento que nada são para além de palavras. Sendo assim, tem de existir amor próprio, não confundir com egoísmo ou apego, sem amor próprio não somos capazes de amar nada nem ninguém. Este amor próprio está dependente da maneira como cuidamos do nosso corpo, das nossas emoções e dos nossos pensamentos, ou seja, da capacidade de aceitarmos as nossas limitações e obstáculos em qualquer um dos três níveis e de manter o equilíbrio, a não agressão e união dos mesmos, pois não podem ser separados porque o nosso eu é o todo e o todo é um. Assim sendo, porque não fazer uma pausa, não uma pausa forçada, num pico de raiva, sofrimento, medo ou de preocupação, mas sim uma pausa que acontece após, num momento de reequilíbrio ou pelo menos mais sereno. Nesse momento, podemos aproveitar para sentar frente a frente com "a eterna criança que há em nós", que na maior parte das vezes é uma criança ferida, olhar nos olhos, escutar, compreender, perdoar, cuidar e abraçar. Deste modo teremos um momento de verdadeira consciencialização, e quem sabe, da próxima vez que olharmos para alguém, sejam os olhos da consciência a ver, da próxima vez que escutarmos alguém, sejam os ouvidos da consciência a ouvir, e da próxima vez que abracemos alguém, sejam os braços da consciência a curar. Em suma, estar consciente e de mão dada com a nossa "eterna criança" é o modo eficaz de sermos verdadeiros em relação ao modo como lidamos com os outros. E para quê adiar a reconciliação com a "eterna criança", talvez por haver quem diga que a esperança é a ultima a morrer, eu acredito que é necessário ter alguma prudência em relação ao conceito que atribuímos à palavra esperança. Acredito que a esperança pode ser inimiga da prática por nos fazer acreditar que a ajuda vem de fora, e esperar um milagre não me parece ser o mais viável, agir aqui e agora sem mais adiar e elevar a consciência é por si só um verdadeiro milagre ao alcance de todos.
Agredir os outros é agredir a nós mesmos, agredir a nós mesmos é um meio para posteriormente agredir os outros, e deste modo fechamos um ciclo interminável que acumula sofrimento. Cuidem-se para poderem cuidar dos outros. Comecem primeiro pela vossa "eterna criança", depois apliquem esse principio durante as classes em relação aos vossos companheiros de treino, e por ultimo, não se esqueçam de transportar essa prática para o vosso dia a dia e em relação às pessoas com que se cruzam momento a momento. "Pois o local mais importante da nossa vida é aqui, o momento mais importante da nossa vida é agora e a pessoa mais importante da nossa vida é a que estiver à nossa frente aqui e agora"... contudo, quando não está ninguém, não esquecer a "eterna criança", que está bem à nossa frente e à espera do abraço que cura.